como se fossemos entrar no turno das 7. atravessámos a antiga cuf e à minha frente começam a surgir centenas, milhares de operários, mulheres e homens, a caminho de casa, olhos pisados depois de uma noite inteira de trabalho, cruzando-se com os matinais companheiros que os vão substituir. caldeireiros, chumbeiros, frezadores, lubrificadores, serralheiros, mecânicos, soldadores, torneiros mecâncicos, especialistas químicos, analistas, afinadores, bobinadores, caneleiras, cardadoras, costureiras, estampadores, fiandeiras, ramiladores, tecedeiras, urdidoras. quantos mais… tudo a caminho do trabalho, na urgência do ganha pão. vão enchendo as ruas, que fervilham como sangue quente nas veias. uns de bicicleta, outros a pé e havia também quem chegasse de autocarro, de comboio e de barco. a buzina a chamar para o turno e a fábrica sempre a arfar, 24 horas por dia. ainda era assim na década de 80 quando cá cheguei. mas avista-se já o bairro das palmeiras e a visão desvanece-se. para trás fica o antigo bairro operário, vazio e deserto. não há luzes nas janelas, as portas estão fechadas, não há pessoas nas casas. as fábricas calaram-se. é o silêncio que povoa as ruas e incomoda.
04 fevereiro 2010
o turno das 7
como se fossemos entrar no turno das 7. atravessámos a antiga cuf e à minha frente começam a surgir centenas, milhares de operários, mulheres e homens, a caminho de casa, olhos pisados depois de uma noite inteira de trabalho, cruzando-se com os matinais companheiros que os vão substituir. caldeireiros, chumbeiros, frezadores, lubrificadores, serralheiros, mecânicos, soldadores, torneiros mecâncicos, especialistas químicos, analistas, afinadores, bobinadores, caneleiras, cardadoras, costureiras, estampadores, fiandeiras, ramiladores, tecedeiras, urdidoras. quantos mais… tudo a caminho do trabalho, na urgência do ganha pão. vão enchendo as ruas, que fervilham como sangue quente nas veias. uns de bicicleta, outros a pé e havia também quem chegasse de autocarro, de comboio e de barco. a buzina a chamar para o turno e a fábrica sempre a arfar, 24 horas por dia. ainda era assim na década de 80 quando cá cheguei. mas avista-se já o bairro das palmeiras e a visão desvanece-se. para trás fica o antigo bairro operário, vazio e deserto. não há luzes nas janelas, as portas estão fechadas, não há pessoas nas casas. as fábricas calaram-se. é o silêncio que povoa as ruas e incomoda.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
sarko ; personne ne pourra s'opposer au nouvel ordre mondial !!!
http://www.youtube.com/watch?v=4GyBP9g_Zy4&feature=related
Aqui vão duas vidéos sobre o projecto militar americano de arma climatiza...
http://www.youtube.com/watch?v=EThp-oIfVVg
http://www.youtube.com/watch?v=Vk62y2tEKKA
A ler também :
http://209.85.229.132/search?q=cache:IIyyxZIdd-EJ:www.grip.org/bdg/pdf/g0915.pdf+haarp+grip+Mampaey&cd=2&hl=fr&ct=clnk&gl=fr
http://209.85.229.132/search?q=cache:iTQdaV3BCN0J:www.grip.org/fr/siteweb/images/RAPPORTS/1998/1998-05.pdf+haarp+grip&cd=1&hl=fr&ct=clnk&gl=fr
Venho de longe do tempo
em que a escuridão doía
mas já ouvia teu nome
ceifeira que te sabias
irmã de Abril por nascer.
Catarina de teu nome
ceifeira do Alentejo
o pão de hoje tem teu sangue
presente, vivo, a dizer
Catarina do futuro
que vieste do passado
pomba branca a adejar
o Alentejo tem cravos
nas pétalas a sonhar.
Foste brado no caminho
que não mais há-de passar.
Foste semente de Abril
és mulher, memória, mar.
Marília Gonçalves
Enviar um comentário