04 fevereiro 2010

o turno das 7





como se fossemos entrar no turno das 7. atravessámos a antiga cuf e à minha frente começam a surgir centenas, milhares de operários, mulheres e homens, a caminho de casa, olhos pisados depois de uma noite inteira de trabalho, cruzando-se com os matinais companheiros que os vão substituir. caldeireiros, chumbeiros, frezadores, lubrificadores, serralheiros, mecânicos, soldadores, torneiros mecâncicos, especialistas químicos, analistas, afinadores, bobinadores, caneleiras, cardadoras, costureiras, estampadores, fiandeiras, ramiladores, tecedeiras, urdidoras. quantos mais… tudo a caminho do trabalho, na urgência do ganha pão. vão enchendo as ruas, que fervilham como sangue quente nas veias. uns de bicicleta, outros a pé e havia também quem chegasse de autocarro, de comboio e de barco. a buzina a chamar para o turno e a fábrica sempre a arfar, 24 horas por dia. ainda era assim na década de 80 quando cá cheguei. mas avista-se já o bairro das palmeiras e a visão desvanece-se. para trás fica o antigo bairro operário, vazio e deserto. não há luzes nas janelas, as portas estão fechadas, não há pessoas nas casas. as fábricas calaram-se. é o silêncio que povoa as ruas e incomoda.

3 comentários:

Marília Gonçalves disse...

sarko ; personne ne pourra s'opposer au nouvel ordre mondial !!!

http://www.youtube.com/watch?v=4GyBP9g_Zy4&feature=related

Marília Gonçalves disse...

Aqui vão duas vidéos sobre o projecto militar americano de arma climatiza...


http://www.youtube.com/watch?v=EThp-oIfVVg

http://www.youtube.com/watch?v=Vk62y2tEKKA



A ler também :

http://209.85.229.132/search?q=cache:IIyyxZIdd-EJ:www.grip.org/bdg/pdf/g0915.pdf+haarp+grip+Mampaey&cd=2&hl=fr&ct=clnk&gl=fr

http://209.85.229.132/search?q=cache:iTQdaV3BCN0J:www.grip.org/fr/siteweb/images/RAPPORTS/1998/1998-05.pdf+haarp+grip&cd=1&hl=fr&ct=clnk&gl=fr

Marília Gonçalves disse...

Venho de longe do tempo

em que a escuridão doía

mas já ouvia teu nome

ceifeira que te sabias

irmã de Abril por nascer.



Catarina de teu nome

ceifeira do Alentejo

o pão de hoje tem teu sangue

presente, vivo, a dizer

Catarina do futuro

que vieste do passado

pomba branca a adejar

o Alentejo tem cravos

nas pétalas a sonhar.

Foste brado no caminho

que não mais há-de passar.

Foste semente de Abril

és mulher, memória, mar.


Marília Gonçalves