ó menina (era eu, não havia mais ninguém na paragem do autocarro), pode dizer-me a que horas é o autocarro para santo antónio, não percebo nada dessas letras. pois, são muito pequenas, sem óculos... eu vejo bem, estas letras é que... não percebo. eu é que não percebi logo. só depois quando a outra chegou, então a família, os filhos. estão bons, lá longe. é verdade na alemanha. como o meu. há 30 anos que lá está. netos e tudo. uns vão para a alemanha outros para a suiça, meti a colher. pois. o que vale é falarmos todos os dias, agora com a internet... nós também já temos isso lá em casa, dizia a segunda. nós não. só pelo telefone. ou por carta. mas o meu marido tem sempre preguiça de escrever. então percebi porque não percebia as letras. pouco mais velha que eu (menina!). não andou na escola. percebi a vergonha daquela mãe e avó. a sua pronúncia ratinha. teve de ir trabalhar em vez de ir à escola. eu pelo menos fiz a 4ª, em menina. a minha mãe também nunca aprendeu a ler. o meu pai andou até à 2ª classe. depois a mãe dele morreu, com a pulmónica diziam e o pai, para esquecer a tristeza de uma casa cheia de filhos e de fome, "dedicou-se à bebida". o meu pai, filho mais velho de 5 irmãos, teve de ir trabalhar para o campo, 8, 9? anos, para ajudar a criar os irmãos. a escola só foi retomada depois, na tropa. por isso, talvez, nunca deixou que os filhos, ao menos saissem da escola sem a 4ª. algumas amigas minhas nunca chegaram a completar, sequer aquele nível básico de ensino. isto em meados de 60. parece que foi há muitos anos e afinal, não há assim tantos. compreendi a vergonha de não conhecer as letras, neste país triste, de que nos fala manuela fonseca http://www.rostos.pt/inicio2.asp?cronica=220271&mostra=2. país onde se disfarça a miséria mas a vergonha é cada vez maior. país a precisar urgentemente de esperança. de uma nova revolução, que nos faça sorrir e de novo encontrar um caminho como povo.
12 fevereiro 2010
misérias e vergonhas de um país triste
ó menina (era eu, não havia mais ninguém na paragem do autocarro), pode dizer-me a que horas é o autocarro para santo antónio, não percebo nada dessas letras. pois, são muito pequenas, sem óculos... eu vejo bem, estas letras é que... não percebo. eu é que não percebi logo. só depois quando a outra chegou, então a família, os filhos. estão bons, lá longe. é verdade na alemanha. como o meu. há 30 anos que lá está. netos e tudo. uns vão para a alemanha outros para a suiça, meti a colher. pois. o que vale é falarmos todos os dias, agora com a internet... nós também já temos isso lá em casa, dizia a segunda. nós não. só pelo telefone. ou por carta. mas o meu marido tem sempre preguiça de escrever. então percebi porque não percebia as letras. pouco mais velha que eu (menina!). não andou na escola. percebi a vergonha daquela mãe e avó. a sua pronúncia ratinha. teve de ir trabalhar em vez de ir à escola. eu pelo menos fiz a 4ª, em menina. a minha mãe também nunca aprendeu a ler. o meu pai andou até à 2ª classe. depois a mãe dele morreu, com a pulmónica diziam e o pai, para esquecer a tristeza de uma casa cheia de filhos e de fome, "dedicou-se à bebida". o meu pai, filho mais velho de 5 irmãos, teve de ir trabalhar para o campo, 8, 9? anos, para ajudar a criar os irmãos. a escola só foi retomada depois, na tropa. por isso, talvez, nunca deixou que os filhos, ao menos saissem da escola sem a 4ª. algumas amigas minhas nunca chegaram a completar, sequer aquele nível básico de ensino. isto em meados de 60. parece que foi há muitos anos e afinal, não há assim tantos. compreendi a vergonha de não conhecer as letras, neste país triste, de que nos fala manuela fonseca http://www.rostos.pt/inicio2.asp?cronica=220271&mostra=2. país onde se disfarça a miséria mas a vergonha é cada vez maior. país a precisar urgentemente de esperança. de uma nova revolução, que nos faça sorrir e de novo encontrar um caminho como povo.
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1 comentário:
Cara Amiga
A hora é de Unidade! é urgente despertar o povo de Portugal para que veja a tempo por que caminho o querem levar
Apelo a todos os Artistas de Intervenção para que entrem na luta
e façam o povo vibrar pela justiça pela fraternidade e pela reconquistas dos Direitos de Abril, de que nos vão espoliando a grande velocidade
Que em República o Rei seja realmente o povo e não o poderio do dinheiro
Por uma VERDADEIRA DEMOCRACIA/O POVO AO PODER
Marília Gonçalves
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