é estranha aquela cidade
ali correm rios de petróleo
petróleo nos táxis amarelos, aos milhares
petróleo nos camiões ruidosos, dia e noite, percorrendo a cidade
petróleo nas ruas de alcatrão
petróleo nas pastilhas elásticas pisadas nos passeios
petróleo nos plásticos dos talheres e nos pratos dos restaurantes de fast food
petróleo no ar condicionado do quarto de hotel
petróleo nas lojas para onde fugimos dos 42 graus celsius que abrasam a cidade
petróleo em milhões de luzes de janelas, nos escritórios vazios à noite
naquela cidade respira-se petróleo
aquela cidade quase sucumbe às toneladas de lixo em sacos de plástico preto
e ao fedor que deles emana aescorrer pelos passeios
aquela cidade é mesmo estranha
naquela cidade busquei a poesia
e não descobri gaivotas
os arquitectos daquela cidade esqueceram-se das praças
da arte pública
das fontes
dos jardins
e dos canteiros com flores
naquela cidade não há gaivotas
naquela cidade estranha eu não poderia viver
aquela cidade é nova york
3 comentários:
Ou não sejas tu Rubra Papoila, eu também não seria capaz de viver numa cidade assim e parece-me impossível como há pessoas que o seu maior sonho é irem para lá.
Beijo, Joana
Abrir a porta do tempo
Ver cair fora de nós
Cada parcela de vento
Cada partícula de voz
Ver o olhar a encher
De colheita a inventar
Entre o sorriso e a dor
Duma ravina solar.
nuvens cinzentas ondeiam
Sinais da tarde que teve
Promessas de claridade
A esvair-se em nova sede
Marília Gonçalves
joana
há sonhos que mais parecem pesadelos
:)
bjs
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