como as árvores
e subiram no céu
aquela cidade é uma floresta
selvagem
mas sem árvores
apenas casas
casas gigantes
ferozes
hostis
ocupando a floresta antiga
aquelas casas expulsaram os homens
e agora vivem ali
como se fossem homens
casas
que na noite
parecem vazias
com milhões olhos
luzes
vigiando os homens
e o mundo
os índios
habitantes daquela cidade
foram expulsos
chegaram outros
homens
construiram um muro
naquela rua
e naquela lingua
chamaram-lhe wall street
dali
da rua do muro
daquela cidade
as casas
belas
e desumanas
governam o mundo
dos homens
como se fossem homens
aquela cidade é nova york
6 comentários:
Essa cidade!
As casas dessa cidade
É como o amor
Que nasce do chão
E sobe ao céu.
A floresta dessa cidade
É como a floresta cerrada
Do nosso dia a dia
Em que o homem não tem
Espaço para respirar.
As luzes dessa cidade
É como a visão dos políticos
Que cegam com o brilho
Estonteante das luzes.
Os muros dessa cidade
É a prisão que os homens
Construiram e teimam
Em querer nela ser felizes.
Essa cidade!
Como sempre, atenta ao que te rodeia mesmo a quilómetros de distância.Sempre em defesa dos mais fracos.Obrigada pelo texto.
Beijo
Joana
Vácuo
Uma caveira nos ombros
A lembrar a história ida
Chispas de furor crescendo
Pelos atalhos da vida
Um véu de densa neblina
A vestir a cabeleira
Aragem aguda e fina
Desfeita em leve poeira
Davam ao vulto completo
Um perfume de deserto
Que assaltava a noite inteira.
Para aonde ia, qual o rumo
De seu andar andrajoso
Arrastando pés de nuvens
De vago olhar odiento
Quando a noite levantava
Pelos cumes do castelo
Aquele vulto experiente
Que de aparência gentil
Era afinal mais danoso
Roto sujo e amarelo,
Emaranhado de ardil
A fingir gesto amistoso
No caminho do covil.
Ninguém sabia quem era
Ao que vinha, que buscava
Essa caveira que tinha
E no ombro passeava
Polida por longo tempo
Que só o vento alisava
Era da cor d’ estearina
Som, que nela se escutava
Era como ventania
Que em frinchas assobiava.
Estremecia quem o vendo
Lhe pressentia sentido
Que andava nele encoberto
Como longínquo bramido
De névoas voando perto.
Estremecia e era medo
Que tolhia quem o visse
Com os braços de arvoredo,
Com a caveira que disse,
Ser ainda muito cedo
Embora a noite o vestisse.
Quem trouxera até ao mundo
Aquele medo ancestral
Com aquele som que fundo
Lembrava grito animal
Quem o soltara na terra
De aspecto descomunal
Seria a forma da guerra
Ou o conceito do mal.
Ninguém sabia quem fosse
Nem dentro de que morava
Se seu antro era o alcoice
Porque nome se chamava
Donde chegava, o que o trouxe
Aonde a vida morava.
Em que linguajar pedir
Significado diáfano
Que pudesse definir
Essa agudeza de pássaro
Que de rapina vivendo
Mantém no frio do olhar
Tais ameaças ardendo
Que tudo fazem gelar.
Esse que ao trazer nas mãos
O desfecho musical
Fiapo luminescente
De algum instinto animal
Devora pautas de luz
Entoa timbres de tempo
Nesse cristal que seduz
O limbo do pensamento.
Que esconde atrás do bramido
Que se adorna de mistério
Que voz é essa ou estampido
Que ecoa pelo ar funéreo
Que ânsia, dor ou agonia
Lembra seu todo ao passar
Se desfaz a noite em dia
E o dia em noite sem par.
Quem inventou um futuro
À presença de tal ser
Que atravessa qualquer muro
E faz as cinzas arder
Que fonte imaginativa
Brotou nele em simultâneo
Como força vingativa
Anterior ao desengano
Qual ente tão negativo
Origina o desumano
Dizer da caveira conta
Apenas vago conceito
Como dedo que se aponta
Para alvo que a preceito
Atravessa o pensamento
Exigindo uma atitude
De pronto conhecimento.
Por isso o nome que esconde
Nas voltas do compromisso
A quem a noite responde
Sem que ninguém dê por isso
Torna a treva mais calada
Mais anuviada ainda
Mais densa mais conturbada
Embora não menos linda
de estranho perfume a fumo
Que em vórtice ou em espiral
Altera o olhar no rumo
Que se enrola colossal.
Tudo em redor nos induz
A demandar pelos ares
Um véu, que de ténue luz
Vá inundar os pomares,
extensão da verde folhagem,
em perfumes salutares
que alaguem a breve aragem.
Marília Gonçalves
Veleiros de neve
Trotando nas águas
Cavaleiro breve
A trepar a onda
Que freme, se enrola
a cair redonda
Navio velejando
Líquida brancura
A trepar a espuma
Que borda a altura
Paisagem parada
No gelo que a doma
Abóbada baixa
Como uma redoma
Envolve o navio
Nos dedos da bruma
Formam-se desabam
Montanhas de espuma
Marília Gonçalves
Já tinha saudades dos poemas da Marília.
Joana
emejotta
a estátua da liberdade naquela cidade é mesmo um eufemismo
obrigado pelos vossos comentários
joana e marilia pelos poemas
tb já tinha saudades das duas
bjs
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