ontem foi dia de despedidas. primeiro fomos ao aeroporto levar a rita. lá abalou aquele pedacinho de nós para longe, outra vez. ela de coração apertado, pressentindo a saudade que começou logo ali a alagar-nos o peito e vai sempre subindo, até á cota estabelecida de, pelo menos, uns dois longos meses mais. e eu, que havia preparado tantos sorrisos e palavras, ali fiquei com elas sufocadas, presas, recusando-se a sair e uma dor aguda na garganta, que não me deixava falar. e lá foi ela para delémont, aquela cidadezinha pequena da bela e montanhosa suíça, com a prima patrícia. e então dei-me conta que se fosse mensurável e pudesse ser multiplicada, a minha angústia e a dos que me rodeavam, aumentava duas, quatro, seis, sete vezes. a de meu irmão e de sua mulher contavam a dobrar porque além daquela filha, haviam-se despedido, há poucos dias, do seu outro filho emigrante também, mas em áfrica. se juntasse a das outras pessoas que estavam no aeroporto para se despedirem, dos seus filhos, maridos, amantes, namorados, amigos e uma infinidade de outros laços que nem posso imaginar, daria uma equação infinita de sofrimento que só é derrotada pelo amor e pela esperança. mais de 2 mil quilómetros de distância já a separar-nos e nós cá ficámos na pátria que não é a de jorge de sena («Nem é ditosa, porque o não merece./ Nem minha amada, porque é só madrasta./ Nem pátria minha, porque eu não mereço/ a pouca sorte de ter nascido nela.») que expulsa os seus filhos de casa mas que, nem assim mesmo, deixamos de amar.
e enquanto a easy jet pousava as nossas emigrantes queridas em Basileia, cidade amada de louis aragon, nós chegávamos ao alentejo, para uma outra despedida, um adeus definitivo. fomos entregar a tia chica àquele cantinho da terra onde nasceu. ali ficou, acompanhada por outros tantos dos nossos mortos queridos. com ela partiu também um pouco da nossa história e da nossa família. apesar de tudo foi um momento de reencontro, que os funerais também servem para isso, com rostos e braços onde corre o meu sangue. ali me despedi das nossas viagens de comboio e lá ficou uma parte das memórias da minha infância. mais uma.
e enquanto a easy jet pousava as nossas emigrantes queridas em Basileia, cidade amada de louis aragon, nós chegávamos ao alentejo, para uma outra despedida, um adeus definitivo. fomos entregar a tia chica àquele cantinho da terra onde nasceu. ali ficou, acompanhada por outros tantos dos nossos mortos queridos. com ela partiu também um pouco da nossa história e da nossa família. apesar de tudo foi um momento de reencontro, que os funerais também servem para isso, com rostos e braços onde corre o meu sangue. ali me despedi das nossas viagens de comboio e lá ficou uma parte das memórias da minha infância. mais uma.
5 comentários:
Olá Azinheira!
Ficámos gratos por saber que é nossa cliente e agradecemos a sua hiperligação ao nosso tasco. A partir de hoje, passaremos por aqui para termos novas da planície.
Um bom 2010.
Pois é, pois é, começamos o ano a enterrar mortos....O Ti Diogo Extreia também já foi hoje.
Para esses é que não há regresso. Para as meninas, são só dois mesitos.....logo logo chega a hora do reencontro.
Abraço
dezvezesnada.blogsopt.com
Doí muito!
Nunca conseguimos dizer o que queremos, por acaso tenho-me lembrado muito da tua despedida, olho para os meus, vejo tudo tão turvo e penso no teu nó na garganta...
Beijo
ao simpático taberneiro
obrigado por nos retribuir com a sua hiperligação.
à dulce
é verdade, dois, ou três meses, podem passar depressa e se conseguirmos esquecer a distância ainda valorizamos mais o reencontro.
à ana
ainda dói mais quando começamos a matutar
nas voltas que o nosso país já deu...
e sempre para pior
isto já não tem remédio!
à dulce
mas essa é a parte difícil
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