22 julho 2010

ao fim da tarde



no largo da aldeia

a meio da tarde

naquela taberna

vendem-se coiratos

e fazem-se seguros


os homens sentados à porta

esperam o fim da tarde


os copos na mão

mirando a planície

seca

ondulante de calor


o pasto quase branco

o branco das casas

a cal

faiscando ao sol


e a planície distante

os homens alongando o olhar

até à lonjura


vão sorvendo pequenos goles

de solidão

com sabor a vinho


e sentem saudades

de um tempo não vivido

antigo

como sempre foi o futuro

4 comentários:

Marília Gonçalves disse...

Lindo!
que belo poema e que retrato humano!
abraço à nossa papoila do Alentejo

Anónimo disse...

Muito bom!
E pergunto, para quando a publicação de um livro teu.
Joana

Unknown disse...

Realidade e imaginário numa linda simbiose.

Parabéns.
Bj.
Manuela Fonseca

só planície disse...

marilia
manuela
retratos alentejanos, belos mas duros
por vezes não são assim tão imagin´
arios
abraços

joana
qualquer dia...
bjs