"quando eu nasci,
ficou tudo como estava..."
sebastião da gama
quase nasci debaixo de uma azinheira
numa segunda feira
quente como fornalha
quase em cama de palha
que minha mãe
ceifeira de trigo
cortava
na herdade de belmeque
junto à serra da preguiça
em alentejo largo
de sol a sol
e castigo
no campo do latifúndio
abri os olhos
espantei-me com o mundo
levaram minha mãe
num burro
e
nasci em casa
num burro
e
nasci em casa
na rua do castelo
hoje nº 12,
então não tinha número
naquela aldeia de pias
da vila de serpa
longe de tudo
era grande o mundo
eu nasci e o meu pai estava preso
em caxias
por causa de maio
por causa de maio
antes daquele dia
o
primeiro,
vieram
muitas vezes
buscá-lo
à noite
atrás de grades
o meu pai
trazia
no peito a dor
de um país sem liberdade
ainda nem me conhecia
e as saudades já
que sentia
escrevia-as
nas cartas que alguém lia
e minha mãe escutava
e chorava
quando os seus olhos me viram
eu
sorria
e já tinha meses
herdei de meu pai
essa dor
e
ao longo da minha vida
a tenho sentido
ainda a sinto
muitas vezes
nasci a 25 de maio de 1959
12 comentários:
Parabéns querida amiga, rubra papoila do Alentejo
Quanto tu nasceste, nascia contigo, mais uma esperança de Justiça para Portugal, por seres quem és e digna filha de quem és!
Fico feliz,que esse dia tenha sido o primeiro, dia de uma vida de Combate de Justiça e de Fraternidade, nascia-me assim uma amiga, nome que não dou a toda a gente.Meus amigos estão à Esquerda, não tenho outros!
Porque sabem que em cada ser humano vibra o mesmo sonho tanto individual como colectivo. Com alegria, de novo reafirmo meus Parabéns.
Tua amiga sempre, nós que herdámos o companheirismo de nossos pais e a sua sadia camaradagem, porque há pessoas, que são amigas, mesmo se nunca se encontraram!
Marília Gonçalves
Nasceste um ano depois de meu pai ser preso pela PIDE, meu pai foi preso a 2 de Maio de 1958, quando eu tinha dez anos.
Marília
obrigado, querida marilia
pela tua amizade
um grande abraço desta, também, tua amiga papoila
Quando nasceste
como papoila rubra
que desponta na planície
tomaste-lhe a cor
o vermelho dos cravos de ABRIL
que nos trouxeram a esperança
do MAIO com que sonhávamos.
E NASCESTE, CRESCESTE
E CAMINHASTE LIGANDO
O PASSADO AO PRESENTE.
E aqui nos contas que:
~Foi à sombra de uma AZINHEIRA
Que já não sabia a idade
Que nasceste companheira.
Não foi ficção, mas pura realidade-
Gostei do teu POEMA
Como tenho lido e gostado
dos outros.
Abraço fraterno
ARFER
Era assim, e agora como é,por obra de uns e outros: os que prendiam e os que foram liberto e se organizaram em poderes? Quantos agora se sentem presos, embora sem grades pelas prisões virtuais e reais de opinião, sectarismos que ambos carcereiro de ontem e libertos, hoje, carcereiros, construíram.
Um beijinho e bom dia, Viva a vida.
joão
Todavia hoje o que importa é saudar o teu nascimento, saudar a vida e os teus pais que num ambiente tão hostil tiveram a coragem de serem pais e tu de nasceres e esta é a mensagem que quero deixar-te, muito embora o teu doloroso e também glorioso poema, me tivesse levado para considerações da realidade nacional, mas HOJE É O TEU DIA e dos teus Pais sê feliz vive a felicidade de nascer e viver. E esta é a minha mais sincera mensagem para ti e os teus neste dia
bjnho
queridos amigos
retribuo as vossas palavras com a minha amizade
obrigado
abraços
Amiga,resalvo a minha mensagem acima sobre a data da prisão de meu pai
Nasceste um ano depois de meu pai ser preso pela PIDE, meu pai foi preso a 22 de Maio de 1958,no dia a seguir ao do seu aniversário a 21 quando eu tinha dez anos.
Marília
papoila rubra, aqui fica o link para a Valsa das Papoilas, pelo teu lindo dia de anos
http://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&NR=1&v=32BMk8RJPv8
Marilia
obrigado marília, muito bonito
beijinhos
obrigada Amiga, se é que o carinho se agradece... carinho e Respeito que temos uma pela outra e pelos que nos deram a vida. Viva Portugal, Viva o 25 de Abril! quem dera que todo o Povo de Portugal desperte
tua amiga
Marília
e vê se me reconheces no fb; enviei-te o convite, estamos nos blogueros também
&br&ço
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