chocante exploração dos recursos, com vista à produção maciça de lucro
sem qualquer preocupação com o futuro
beleza e racionalidade do olival tradicional
a paisagem que eu conheci está a desaparecer
rápida e dramaticamente
qualquer dia não conheço o lugar onde nasci
a planície, terra do pão, já não existe
ninguém cultiva hoje pão, no alentejo
as melhores terras da planície estão agora a ser transformadas em campos de produção de azeite
olivais de produção massiva e intensiva
olivais para produzir apenas por uma dúzia de anos
com árvores controladas para que não cresçam mais que até à altura das máquinas que vão apanhar o fruto
olivais hibridos
com oliveiras fabricadas em laboratórios
que produzem bagas redondinhas, em vez de azeitonas
bagas de oliva
bagas que são, várias vezes ao dia, regadas e pulverizadas para que cresçam e amadureçam rapidamente
é impressionante a quantidade de produtos químicos que são descarregados para os solos, todos os dias, a toda a hora para que não nasçam ervas e morram todos os insectos
entretanto o olival tradicional vai desaparecendo e a produção de cereais que lhe estava associada é quase residual e vai dando lugar a este fenómemo de produção intensissima cujo desfecho é previsível, quanto ao esgotamento dos solos
e ainda pior! é que toda a riqueza produzida não fica no país, porque os donos dos olivais não são portugueses
nem contribuem para o desenvolvimento local, porque empregam escassa mão de obra e destroem a nossa agricultura
além dos benefícios que ainda recebem, pois nem sequer a água da rega pagam durante dois anos
foi para isto que se construíu alqueva?
não creio
e os agricultores alentejanos? porque estão de braços cruzados?
aflige-me e choca-me ver aquilo em que o alentejo está a ser transformado
quando alguém acordar para este problema pode ser tarde demais
3 comentários:
CONCORDO PLENAMENTE COM O QUE EST´´A ESCRITO
Olá,
Chamo-me Carlos Franco e vi as opiniões aqui expressas e não resisti a comentar.
Antes de mais, belíssima escolha de música!! acho que não podia ser melhor para ilustrar esta discussão!! Por que não somos capazes de colocar as rádios a passar esta música com muito maior frequência? , faz pensar…fica para outra vez…
Estas opiniões aqui expressas, são eminentemente políticas, no melhor sentido da palavra e do meu ponto de vista, colocam em evidência as grandes contradições da esquerda em Portugal, na actualidade.
A incapacidade de nos motivarmos para o desenvolvimento!! Sim porque eu identifico-me com os valores da esquerda, mas já não há pachorra para a falta de soluções, para a incapacidade de pensar diferente. Não se pode ter valores e não se ser capaz de lidar com a economia.
Não há justiça social nem protecção da biodiversidade sem a criação, e em grandes quantidades, de riqueza!!!
E era bom que todos percebessem isso. E essa riqueza, não pode ser gerada pelo estado, porque o estado são indivíduos como nós que têm mais que fazer, como todos muito bem sabem!!!
Colocou duas fotos que são paradigmáticas! Indicam o que pode ser o Alentejo e as razões para o Alentejo ser aquilo que é!
Começo por concordar, que se intensificarmos a utilização dos recursos, a biodiversidade diminui, se estivermos a comparar com uma menor utilização desses recursos!!
Mas a concordância termina aqui, e as fotos são a ilustração disso mesmo.
A paisagem tradicional do Alentejo, com meia-dúzia de oliveiras de sequeiro é completamente contraproducente!!!!
Destrói-se a vegetação autóctone e consegue-se mobilizar o solo todos os anos, originando perdas de solo tão grandes ou maiores que no olival intensivo e para quê?, para nada!!!!para uma actividade que não alimenta ninguém, que deixa fugir, ou faz fugir as pessoas!!! No fundo que não é competitiva!
Pior, a biodiversidade que permite, deve ser pouco maior que nos olivais intensivos, sobretudo se essa actividade fosse acompanhada de medidas de promoção da biodiversidade pelas entidades competentes, como por exemplo a manutenção de corredores florestais e a protecção das linhas de água.
Ou seja, temos um Alentejo nú, a deixar correr o solo para o mar, para nada!!!!!
Eu acho que o solo e a água são recursos importantes que podem e devem ser explorados por nós, como fazem todos os países desenvolvidos.
É importante dizer que atribuo tanta responsabilidade ao crescimento desordenado que iremos observar, àqueles que o irão fazer para obter lucro (afinal é o que todos queremos, senão vivemos de quê?, não vivemos!!!!,) (por isso é que a autora deste blog está no Barreiro e não nalguma das cidades do Alentejo!!!!)
como atribuo àqueles que pensam que temos de manter as práticas tradicionais por argumentos de maior ou menor ecologia (muito duvidosa diga-se!!) e que no meu ponto de vista, deviam isso sim, tentar criar maneiras de fazer crescer economicamente o Alentejo, conservando a sua biodiversidade!!, porque os outros, os que descrevi acima, não o irão fazer!!
Agora, pensar que deixando o Alentejo ao abandono se protege o Alentejo, é um erro que não tem medida!!!!!
Se fosse para manter a biodiversidade, então devíamos reflorestar o Alentejo e mantê-lo assim. Custava dinheiro e desertificava, mas pelo menos tínhamos os recursos biológicos para o futuro...assim é que não temos grande coisa....,
Claro que isso não é opção, porque simplesmente não temos dinheiro para isso!!!, teriam que ser as outras regiões do pais, ou da Europa a gerá-lo, o que sejamos honestos, era dizer que as outras regiões podem ser exploradas, mas o Alentejo não!!! E existiria sempre perda, sobretudo de influência política…não há solução, a não ser o desenvolvimento competitivo!! E ou fazemo-lo de forma sustentada, ou desordenada!!
O que quero dizer é que as opiniões expressas neste bloque levam tanto, ao mais, à segunda hipótese que os que gostam do capitalismo selvagem!!!
Fiquem bem!!
carlos franco
não vou responder ponto a ponto ao comentário, que é muito longo
concordo com umas coisas e não com outras, mas paciência
reforço porém alguns pontos de vista pessoais:
eu sou a favor do desenvolvimento do alentejo, que para mim é o mesmo que o desenvolkvimento do país, mas não a qualquer preço
e o que se está a passar no alentejo, quanto a mim, não é desenvolvimento
é a substituição de uma monocultura por outra. no tempo de salazar era o trigo, agora é o olival
e esta não é uma forma sustentada de o fazer, porque os recursos estão a ser explorados de forma intensiva e desordenada, sem acautelar o futuro e com vista a um lucro desenfreado, concerteza.
eu sempre ouvi falar de alqueva como uma utopia, que transformaria o alentejo numa região rica, fixando populaçõs e eliminando a fome e a pobreza que historicamnte sempre o caracterizaram
ainda continuo a pensar que o alentejo quase podia dar de comer ao país, com uma política que aproveitasse da melhor forma o território, que aliás tem algumas das melhores terras do país
isso implicaria desenvolvimento. concerteza que sim, mas o desenvolvimento deve ser harmonioso para ser sustentado e respeitar a biodiversidade sim , mas sobretudo a diversidade.
o desenvolvimento competitivo tem como preço o desaparecimento de tudo o resto?
parece-me que é isso que vai suceder.
estão a sacrificar tudo em prol do olival intensivo e isso é que me parece mal.
não percebi a última parte da questão que diz "O que quero dizer é que as opiniões expressas neste bloque levam tanto, ao mais, à segunda hipótese que os que gostam do capitalismo selvagem!!!"
francamente! leia-me bem.
e fique bem, também!
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