20 maio 2010

manif nacional sábado 29 de maio

2 comentários:

Marília Gonçalves disse...

O REGRESSO DO MOSTRENGO



O mostrengo que está no fim do mar

Na noite de breu ergueu-se a voar.



FERNANDO PESSOA, Mensagem







O mostrengo não está no fim do mar.

Ocupa as ruas, bate à nossa porta,

vomita chamas na cidade morta,

escreve garatujas no luar.





Ei-lo que espreita em cada patamar

pronto a saltar-nos à garganta. Importa

lançar brados de alerta à malta absorta

que se deixou nos ventos embalar.





De pé! O monstro volta! Unir fileiras!

Deixemos as diferenças das bandeiras:

É preciso avançar em marcha unida.





A nossa força é sermos um só povo

e uma só terra a defender de novo.

A morte do mostrengo é a nossa vida!



Carlos Domingos

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Todos unidos na luta contra o Mostrengo

no próximo sábado dia 29!

Marília Gonçalves disse...

O Monstro



Que voz o silêncio em eco levanta

Tremenda feroz gelada sombria

Que nos fecha a mão

nos cala a garganta

E torna a manha gélida,

mais fria

Que vozes de túmulo

Há tanto caladas

Levantam ao cúmulo

O pavor dos dias

E tornam opacas

As brandas paisagens

E tornam as noites tredas

E vazias

Quem anda por dentro

Dos sonhos que temos

Semeando algemas

Que são dessa cor

Em que se amalgamam

Os prantos as penas

Nesse sofrimento

cada vez maior

Em nome de quem

Que monstro severo

Traz em seu sudário

De horrendo luzir

As asas cortadas

Do loiro canário

Que livre pelos ares

Ouvíamos rir

Quem é que nos chega

do mundo dos mortos

com baba de réptil

colando-se em nós

e faz sementeira

no solo que fértil

construímos limpo

sem peias nem pós



na ronda dos dias o povo

cantava

cantando bailava

bailando não via

que o monstro rasteiro

pelos ares espalhava

essa pestilência

de que ele vivia



enquanto a manhã

não amadurar

a luz que se infiltra

nos olhos ao fundo

o monstro escondido

ainda tentará

cobrir de seu bafo

o tempo perdido

e calar o Mundo.



Marília Gonçalves