03 abril 2010

pano para mangas III










arame farpado por todo o lado. não conheço um país com tanto arame farpado.estaremos acaso num país prisão ou de concentração. montes abandonados e arame farpado. portões e cancelas por todos o lado. caminhos fechados a cadeado. rios cercados, mas não interrompidos. que a um rio ninguém o pode impedir de correr...por mais que tentem. é nisto que o alentejo foi transformado. placas de proibição por todo o lado. nos campos do alentejo tudo é proibido. até apanhar espargos! quem será o dono dos espargos que braviamente, nascem na campina. realidade triste dos campos sem cultivo. onde está a liberdade de um campo de trigo. os trigueirões desafiam-se entre si e à brisa que faz ondular os campos de ervas e flores brancas da macela, derramando um perfume inebriante. apenas vacas chocalheiras nos fitam e interrogam, que fazem aqui, que temos de especial para nos olharem desse modo. bonito e triste, este alentejo. sem trabalho e vazio de gente. não será isto contra a natureza. apelos primitivos sobem-me da terra, quando era uma terra sem amos.



3 comentários:

Marília Gonçalves disse...

Os olhos das crianças
Atrás dos muros altos com garrafas partidas
bem para trás das grades do silêncio imposto
as crianças de olhos de espanto e de medo transidas
as crianças vendidas alugadas perseguidas
olham os poetas com lágrimas nos olhos.
Olham os poetas as crianças das vielas
mas não pedem cançonetas, mas não pedem baladas
o que elas pedem é que gritemos por elas
as crianças sem livros sem ternura sem janelas
as crianças dos versos que são como pedradas.


Sidónio Muralha

só planície disse...

obrigado marília
por este lindo poema de sidónio muralha

Marília Gonçalves disse...

este poema a minha filha mais nova dizia-o? entre outros, com oito anos nas salas da Região Parisiense e na Ràdio -RCP DE VILLEJUIF
Marilia