hoje
o vento sopra
do sul
com ele chegam brados
cantados
as nuvens andam no ar
arrastadas pelo vento
foram buscar água ao mar
pra regar em todo o tempo
este vento
não é o suão
o vento sopra
do sul
com ele chegam brados
cantados
as nuvens andam no ar
arrastadas pelo vento
foram buscar água ao mar
pra regar em todo o tempo
este vento
não é o suão
quente
fornalha
de verão
este vento
sopra
no pensamento
baloiça
nas altas
esguias
árvores
magoadas
sem folhas
nas altas
esguias
magoadas
árvores
de folhas
vazias
pousam
vozes
vozes
como aves
falas antigas
suaves
contam histórias de fadigas
contam histórias de fadigas
falam de gente
gente chegando
do sul
de passo lento
cadente
cantado
às vezes contente
gente que chegou
sem nada
gente
deixou a planície
com a claridade no olhar
com a cidade na mente
deixou a planície
com a claridade no olhar
com a cidade na mente
esta gente
veio
e fez-se à cidade
fez-se ao barreiro
esta gente
rima
com saudade
rio de gente
mar de gente
gente na margem
sul
do tempo
do tempo
gente do sul
gente do vento
gente que se sente
ser boa-gente
gente boa
partiu pra lisboa
e com a sua voz dolente
canta
uma saudade de quem se sente
ausente
do seu chão
da sua gente
gente que tem na alma
a calma
e o vento
partiu pra lisboa
e com a sua voz dolente
canta
uma saudade de quem se sente
ausente
do seu chão
da sua gente
gente que tem na alma
a calma
e o vento
que sempre sopra do sul
urgente
do sul