03 abril 2011

campos verdes de angústia





verdes são os campos

verdes de angústia são

campos
e
campos

incultos

sem pão

ninguém semeia

sequer

 um grão

nos campos 

 espargos selvagens

a crescer

 nos barrancos

agriões

e não há mãos
para os colher
ninguém para lavrar
estas varjens
de pão


alentejo
abandonado
ao deus-dará



aldeias vazias
de novos
e velhos

não se fala em produção

não consta

nos programas de governo

só campos de solidão


montes 
caídos

campos
e campos
e nada é produzido


vales

cabeços

chapadas

de estevas em flor

e que belas são

desfraldadas
bandeiras
de paz

mas a reforma agrária
a falta que faz


e no meio de nada

fazem-se estradas

pontes e cruzamentos

tanto alcatrão


e a terra

tanta

abandonada

sem pão

2 comentários:

Marília Gonçalves disse...

os revolucionários de nada servem, enquanto o povo que trabalha e sofre, não gritar o seu potente e enérgico não!
Povo é na tua mão que está o Futuro e o Futuro começa daqui a um minuto... Vamos! por ti! por teus filhos! por Portugal!
Marília Gonçalves

azinheira disse...

marília
o futuro parece cada vez mais longe,
mais escuro

e o povo, adormecido
convencido com ladaínhas que não têm nada de novo

e o país cada vez pior
será que algum dia isto vai mudar? pra melhor?
é dicil acreditar...