24 agosto 2010

há coisas que só no barreiro...







há coisas que só no barreiro...

como esses fins de tarde

em que me debruço da janela

quando o calor já fugiu

para trás do mar

e o rio está á minha espera


no quintal os cães disputam

a minha atenção

o meu olhar


e a gatinha preta

que teve outra ninhada

perdida

(outra vez)

já anda de novo

assanhada


as árvores esperam

 sequiosas

 ansiosas

uma gota de água


é nestes fins de tarde

que amo mais o barreiro


e a poesia chega

súbita

em sons e música


é o jazz

irrompe pela tarde

salta pelas janelas

abertas

dos corticeiros

mesmo ao lado dos penicheiros

e

invade

tudo


pula os muros dos quintais

alaga-se pelas ruas da cidade

e segue

em passo ligeiro

para a esplanada


senta-se

e pede uma água gelada


e fica ali

a apreciar a vida

quase esquecida

de si

4 comentários:

Carlos Guinote disse...

Como amante do Barreiro, não poderia deixar de te dar os parabens, não só pelo que foi escrito, como pelas fotos.

rosalina.carmona@gmail-com disse...

obrigado carlos

Anónimo disse...

Nunca fui ao Barreiro.Conheço-o através de ti e já gosto.Lindo poema. Bj Joana

azinheira sou eu disse...

espero por ti um dia joana.
bj