23 novembro 2009

rotina



a caminho do trabalho

saio de casa já em cima das 9, um leve nevoeiro envolve a cidade.
abro a porta da rua e uma senhora, velhota simpática que não conheço, diz-me bom dia. sorrio e retribuo o cumprimento e quase caio, para me desviar dos dejectos de cão, em cima do passeio. olho para o mercado 1º de maio e noto a azáfama do costume. desço pela alfredo da silva em passo apressado. o tico-tico está a abarrotar de gulosos.
viro para a miguel bombarda e o trânsito está um caos, rebentou um cano. uma equipa das águas e saneamento tenta consertar a ruptura. logo a seguir, na telha do pão, algumas colegas tomam o pequeno almoço. olá, olá, estás bem, como vais. em frente à câmara a gracinda, a cristina, o sérgio, bom dia, olá, adeus. mais à frente as oficinas da emef e a exposição (e a rita há quantas horas já se levantou e está na sua bancada de trabalho). desço as escadas para o túnel, agora verdinho e limpinho, mais seguro (eu também o torno mais seguro quando passo lá). ao dobrar a esquina afasto-me, por precaução, e aparece-me pela frente um d. sebastião no seu cavalo branco, que é como quem diz, um rapaz (mais ou menos da minha idade), figura alta e espadaúda, cabelo cor do meu, se o meu não fosse ruivo (não é para rir! nunca viram uma alentejana ruiva? pois fiquem sabendo que as há e muitas! e de muitas outras cores).

tenho vontade de lhe dizer bom dia, mas se o dissesse ele ia pensar, olha esta quer conversa. não digo nada e no passas tú passo eu, ficamo-nos apenas pelos olhares. o nicola e os colegas das obras, o lopes, o alberto e o jaime bom dia, olá, como vai isso.
passo o pcp, está bonitinho, mas é pena as bandeiras do rogério ribeiro, foram todas pr’o maneta. bom dia, é a senhora da algifa.
atravesso a rua brás e a avenida de santa maria e aproximo-me do hospital velho, agora misericórdia. hoje sem sol não há velhotes. sigo pela bocage, o túnel à esquerda, mais à frente atravesso e passo outro túnel, e  outro ainda, a cheirar a mijo e merda de cão, santo deus! quantos túneis tem o barreiro, a passar-nos por cima e a cortar-nos o céu. já vejo o jardim do convento e oiço os melros, as gralhas (ou estorninhos?) e as cotovias. bandos delas. a jardineira já ligou o lago e os repuxos já cantam, música nos meus ouvidos. chego e bom dia judite, bom dia veio a pé, vim vou começar o dia cansada.

1 comentário:

Carlos Guinote disse...

Então e as letras maiuculas ficaram onde? Claro que é um bom começo de dia e uma boa caminhada... Quer é continuação. Bom trabalho e parabéns pelo BLOG.